Estudos relacionados a suplementação de cúrcuma na recuperação muscular, relatam resultados positivos na redução da inflamação, melhora da biogênise mitocondrial, redução de estresse oxidativo além da prevenção da fadiga e danos musculares.
A curcumina, o suplemento em questão, é um componente amarelo-alaranjado do açafrão, derivado da planta cúrcuma (Cúrcuma Longa L.), e tem sido amplamente estudada devido à sua capacidade antioxidante e anti-inflamatória. Um componente derivado da planta cúrcuma (Curcuma Longa L.), é um polifenol natural de baixo peso molecular. A curcumina foi isolada pela primeira vez por Vogel em 1815 e estruturalmente caracterizada por Lampe e Milobedeska em 1910, sendo o principal componente extraído da cúrcuma.
Figura 1. Estrutura da curcumina.
Derivada dos rizomas, a cúrcuma é um membro perene da família Zingiberácea da mesma família do gengibre e em sua constituição possui três curcuminóides: a curcumina (diferuloimetano, 77%), desmetoxicucumina (17%) e bisdemetozicurcumina (3%), além de óleos voláteis (turmerona, atlantone e zingibereno), proteínas, açúcares e resinas.
Desde a antiguidade, o rizoma da cúrcuma foi utilizado como tempero, conservante de alimentos e corante. Na medicina chinesa e na Índia, a cúrcuma foi utilizada para tratamento de várias doenças devido às suas propriedades antiinflamatórias e antissépticas. Nas últimas quatro décadas, a curcumina vem sendo extensivamente estudada devido à suas inúmeras atividades farmacológicas, incluindo antioxidante, antifúngica, anti-inflamatória, antimalárica, antitumoral, antiviral, cicatrizante, esquistossomicida, hipoglicemiante, leishmanicida, nematocida, neuroprotetora, anti-aimiloidogênica e imunomoduladora. Com mais de 100 alvos moleculares diferentes, torna-se difícil determinar sua função bioquímica.
Todavia, existe um consenso de que os objetivos clínicos mais importantes da curcumina são a modulação dos fatores de transcrição e dos genes de sinalização celular envolvidos na resposta inflamatória, exercendo ações pleiotrópicas inibitórias e/ou estimulatórias nas vias de sinalização celular.
O exercício físico possui a capacidade de aumentar a atividade antioxidante do organismo. Em contrapartida, quando praticado de forma intensa, aumenta a produção de espécies reativas de oxigênio e a inflamação, podendo causar danos musculares.
A prática regular de exercícios físicos promove benefícios à saúde, destacando-se a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e o menor risco de morte por todas as causas. Todavia, é importante destacar que estes benefícios são induzidos pela prescrição adequada dos exercícios físicos. Em contrapartida, o treinamento físico extenuante, com intensidade elevada, de longa duração ou com pouco tempo de descanso pode influenciar na função imunológica, saúde e até mesmo comprometer o desempenho físico.
Durante a atividade contrátil do músculo há aumento na produção de espécies reativas ao oxigênio. Essa produção ocorre durante o exercício aeróbio e anaeróbio e é importante para a adaptação das fibras musculares. Porém, durante o exercício exaustivo, a produção de espécies reativas ao oxigênio (ERO) pode ser maior do que a capacidade de tamponamento dos antioxidantes dos músculos, provocando aumento do estresse oxidativo, da inflamação, dano muscular e do tempo de recuperação. O aumento expressivo dos estados oxidativo e inflamatório causam disfunção contrátil, resultando em fraqueza, fadiga, dores e lesões musculares.
O controle da resposta inflamatória acontece por meio das citocinas, que são responsáveis pela duração, coordenação, regulação da duração e magnitude do evento inflamatório. As citocinas são divididas em inflamatórias e anti-inflamátorias. As pró-inflamatórias são consideradas como “citocinas de alarme”, estimuladas diretamente pela lesão tecidual. Elas se comunicam por meio de intercélulas com órgãos e sistemas, permitindo que diferentes sistemas sejam informados sobre o trauma em um tecido específico. Sua produção ocorre principalmente pelas células do sistema imune, células endoteliais, tecido adiposo e, também, pela musculatura esquelética.
As miocinas, citocinas produzidas pelo músculo durante o exercício físico, desempenham um papel importante na proteção contra o dano muscular e inflamação. Suas concentrações aumentam na prática de exercícios de moderada intensidade. A IL-6 é uma miocina que está sendo considerada como principal agente regulador da fase aguda no exercício físico.
Ainda não há pesquisas rigorosas, duplo-cegas e controladas por placebo para apoiar a segurança e a eficácia dos adaptógenos como a cúrcuma e outros. No entanto, a suplementção desse componente tem demonstrado grande eficácia de ação anti-inflamatória na recuperação muscular em estresse oxidativo. A curcumina está disponível sob várias formas: como cápsulas, comprimidos, pomadas e bebidas energéticas, tornando o acesso a sua suplementação mais fácil.