A manutenção da temperatura corporal em níveis adequados é uma função muito importante. Não é à toa que ligeiras variações são capazes de resultar em graves alterações metabólicas e enzimáticas. Para manter a nossa homeostase (equilíbrio do organismo), necessitamos que o sistema termorregulador mantenha a temperatura constante e com ligeiras variações –em torno de 36,5º e 37.1ºC. Acima destes valores temos uma condição conhecida como hipertermia e o contrário é conhecido como hipotermia. A termorregulação (regulação da temperatura corporal) é realizada através de uma complexa interação entre alguns sistemas, como termorreceptores centrais e periféricos, sistema de condução aferente, controle central da integração dos impulsos térmicos e sistema de respostas eferentes. Entre estes sistemas, na base do nosso crânio, temos um órgão chamado hipotálamo. Este órgão é responsável por diversas funções imprescindíveis para a manutenção da vida. O controle central da temperatura corporal e suor é uma delas.
No verão, todos nós sabemos que a temperatura externa (do ambiente) tende a chegar a níveis extremos. Pior ainda é a sensação térmica deste período. Por isso é importante tomarmos algumas medidas a fim de evitar a desidratação e, por conseguinte, o comprometimento dos nossos órgãos e sistemas. No calor, a primeira defesa do nosso organismo consiste na vasodilatação cutânea (aumento da porosidade da pele). Através do suor, ocorre a perda de detritos do metabolismo. O suor é um ultrafiltrado do plasma que contém sais minerais(principalmente o cloreto de sódio), ácido lático, uréia, amônia e pequena quantidade de proteínas. Vale a ressalva de que a sua composição depende da intensidade e do estado de hidratação de cada indivíduo. Em situação máxima, um adulto pode produzir mais de 0,5 L/h de suor.
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Nosso organismo é composto de 50{38daca63331c1b4c3153deb733e3b90a2d84c598910130c407bc908db2a28b64} a 75{38daca63331c1b4c3153deb733e3b90a2d84c598910130c407bc908db2a28b64} de água, sendo que este percentual pode variar de acordo com o sexo e idade. Para vocês terem uma noção, a quantidade total de água em um homem com peso médio (70 kg) aproxima-se a 40 litros. A distribuição dos líquidos no nosso organismo é disposta em compartimentos, como o vascular, intersticial e celular. Cada um destes compartimentos depende de várias condições orgânicas, por exemplo da temperatura, da função renal, da presença de eletrólitos em níveis adequados e de patologias que sobrecarreguem o organismo na produção e eliminação de fluidos. A maior parte da água presente no organismo se encontra no compartimento intracelular e proporciona o meio através do qual se realizam as funções metabólicas. Via de regra, o compartimento intracelular é o último a alterar-se nas enfermidades (ou agravos com hemorragias) e na desidratação. Outra porcentagem da água no nosso organismo encontra-se no espaço extracelular, que se divide em dois compartimentos o intravascular (IV), ou plasma, e o Líquido Intersticial (IT).
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Denominamos desidratação quando há um prejuízo entre a quantidade de líquido e eletrólitos nos compartimentos citados acima, seja ele através de uma ingestão insuficiente de água e/ou por uma perda excessiva de líquidos, como por exemplo em caso de diarréia ou pela transpiração (suor). Todos nós sabemos que a água é indispensável para o bom funcionamento orgânico. Entre suas funções, ela auxilia no controle da temperatura central (interna) durante a prática desportiva e no transporte de nutrientes, aminoácidos, glicose e vitaminas. Além disso, ela é o meio em que a grande maioria das reações químicas ocorrem. Dependendo da relação entre a perda de água e de eletrólitos, a desidrataçã é classificada como isotônica, hipertônica e hipotônica.
-Desidratação Isotônica: É a forma mais comum (70 a 90{38daca63331c1b4c3153deb733e3b90a2d84c598910130c407bc908db2a28b64} dos casos), tendo como etiologia principal a diarreia e os vômitos. Neste caso, há uma perda de água e os sais minerais em proporções equivalentes às que existem no organismo. Na grande maioria das vezes, este tipo de desidratação1 é encontrada em crianças pequenas.
-Desidratação Hipertônica: Corresponde a cerca de 2 a 10{38daca63331c1b4c3153deb733e3b90a2d84c598910130c407bc908db2a28b64} dos casos. Sua principal característica é uma perda de água proporcionalmente maior que a perda de eletrólitos, como ocorre na falta de ingestão de água, sudorese excessiva, diurese osmótica e uso de diuréticos. É comum em diabéticos e em algumas crianças com diarreia
-Desidratação Hipotônica: Também chamada de hiponatremia, é a forma mais grave de desidratação e corresponde a cerca de 8 a 20{38daca63331c1b4c3153deb733e3b90a2d84c598910130c407bc908db2a28b64} dos casos. Proporcionalmente são perdidos mais sais que água, como nos casos de transpiração muito elevada, perdas gastrointestinais ou quando a reposição de líquido é feita só com água, sem sais. Nesse caso, ocorrerá transferência de líquido extracelular para dento da célula. Ocorre em alguns casos pediátricos com diarreias.
A desidratação aguda pode trazer uma série de complicações de imediato e se não tratada de forma adequada pode levar a consequências graves e irreversíveis. Entre seus sintomas iniciais mais típicos, destacamos:
– Câimbras;
– Olhos fundos;
– Dor de cabeça;
– Náuseas;
– Sede extrema, sonolência;
– Hipotensão arterial (pressão arterial baixa);
– Irritabilidade e confusão, em adultos;
– Taquicardia (batimento cardíaco rápido);
– Boca, pele e mucosas secas;
– Oligúria (pouca micção) e até Insuficiência Renal Aguda;
– Taquipnéia (espiração rápida) e, nos casos mais graves, delírio ou inconsciência;
– Redução da performance física;
– Febre;
– Indisposição.